Depoimento: Juliana

19:49 0 Comments A+ a-

Tenho uma filha de 2 anos e quase 4 meses e minha primeira gravidex foi excelente. Não tive enjoos, engordei pouco, tudo tranquilo. Foi muito planejada e desejada.

Hoje, aos 26 anos, engravidei de novo "sem querer" a ficha ainda não tinha caído por isso enrolei p/ fazer o ultra som endovaginal p/ saber quantas semanas eu estava grávida.

No dia 4 de setembro começou um sangramento minha médica pediu p/ eu fazer um ultrassom endovaginal no dia seguinte. Infelizmente não tinha batimentos cardíacos...

Minha médica me receitou um remédio p/ expelir. Tomei a caixa toda e fiz um 2o ultra som e nada de expelir... Tomei a segunda caixa e expeli grande quantidade de sangue coagulado, e senti muita dor como dor de parto mesmo com contrações. Mas ontem, quando fui no consultório, ela falou que parece que não expeliu tudo, mas uns 70% e teria que fazer a curetagem...

Hoje vou fazer o 3o ultra som só p/ confirmar se ainda tem resíduos... (o q provavelmente tem), pois quando é expelido tudo o utero fecha voltando ao normal e no meu caso ainda está dilatado como se esperasse p/ sair algo mais.

Devo fazer a curetagem amanhã. Estou com um pouco de medo, mas depois eu volto a relatar minha experiência.

Minha última menstruação foi em julho era para eu estar com quase 3 meses de gravidez, mas no ultra som deu como se o embrião tivesse 4 semanas... ele parou de desenvolver e continuou no meu útero ate eu descobrir pelo ultra som que não havia mais batimentos cardíacos.

Juliana enviou seu depoimento por email no dia 16 de outubro

Depoimento: Miriam

19:46 0 Comments A+ a-

Sinceramente nunca me tinha imaginado neste posição. Parece que estou a ter um pesadelo, mas não encontro forma de acordar. Até ontem, dia 09/10/07 era mãe... e hoje não sou nada.

Fui ontem à consulta de rotina de obstetrícia, como combinado, para fazer a 2ª ecografia. A 1ª fi-la c/ 6 semanas. Na altura o médico confirmou-me a gravidez, e disse-me que tudo estava normal... mas como era mto recente ainda não dava para ver o embrião. Contei-lhe que sentia de quando em vez algumas dores no baixo ventre, mas o médico disse-me que era perfeitamente normal no primeiro trimestre. Era o corpo a adaptar-se.

Ontem estava super ansiosa. Com 11 semanas já ia dar para ver as mãozinhas... os olhos... mesmo que em ponto pequenino. Eu esperava tudo, menos ouvir o que ouvi: "Miriam, lamento mas tenho más notícias"... Deus sabe que até neste momento eu pensei... ok, há más notícias, mas não deve ser nada que não se possa resolver! "O embrião não se desenvolveu... você fez uma gravidez anembriónica".

Foi como uma bomba. Chorei compulsivamente... senti-me impotente, revoltada, triste. Porquê eu? O que é que fiz de mal?

Basicamente andei 2 meses e meio a sonhar com algo que nunca existiu. Dói demais. E nada me garante que não possa voltar a acontecer. Como lidar com esta realidade?

O meu marido tb está de rastos, mas tem sido um herói... ele é que está a suportar o barco. Neste momento tirei uns dias de férias, e estou em casa. Tenho até domingo para... expulsar o saco gestacional (a única coisa que ainda me liga ao sonho)... mas quer aconteça de forma natural ou não já combinei ir ter c/ o médico ao hospital... tenho medo.

Peço desculpa por nesta fase ainda não ter conselhos sábios para dar... só peço a Deus que o que sinto hoje, amanhã venha a sentir c/ menos intensidade e assim sucessivamente... até me sentir preparada para ir à luta.

Miriam enviou seu depoimento por email no dia 10 de outubro de 2007

Depoimento: Clara

22:39 2 Comments A+ a-

Chamo-me Clara.

Casei tarde, aos 38 anos, e só nessa altura decidi engravidar. Sabendo que já era tarde, sabendo que muitos casais jovens levam um ano ou mais, fiquei surpreendida por engravidar ao fim de apenas 5 meses (já com 39 anos). Tive uma gravidez sem sobressaltos, quase sem sintomas, tudo parecia correr bem: os seios a aumentarem, muita fome, muito sono mas nada de enjoos nem sangramentos nem desmaios. Sentia-me uma grávida muito saudável.

Na 8ª semana fui fazer a ecografia, tal como combinado com a obstetra. O meu marido foi comigo. Quando o médico começou, fez-me uma pergunta que me deixou gelada: «Fez teste?». «Fiz...». «Deu positivo?». «Deu...» Podem imaginar a minha surpresa! Eu não sou nenhuma ingénua, sei bem os riscos de uma gravidez a partir dos 35 anos e tenho uma opinião formada acerca do aborto terapêutico. Ia preparada para ouvir qualquer
coisa como «Não tem perninhas», «Não tem bracinhos», «Não tem cérebro» ou até «Está morto». Agora «Fez teste?!?!?». Que pergunta é essa? Claro que fiz teste! Que é que eu estou aqui a fazer de perna aberta? Daah... A única coisa de que eu já tinha ouvido falar era de gravidez histérica mas essa, que eu saiba, não dá testes positivos...

O médico virou o monitor para mim e mostrou-me o "balão" vazio. «Devia ser arredondado, está a ver? Mas não tem nada lá dentro.» «Não tem nada como?» «Não tem nada. Está vazio. Não há embrião. Não se formou.»

Quem chega a este blogue não precisa de imaginar o balde de água fria! Então eu afinal nem grávida estava. Era um engano, um erro da natureza! Sou uma pessoa positiva e pragmática. Não faço dramas nem choro sobre leite derramado. A minha reacção imediata foi de estupefacção. A seguir disse «Era pior se estivesse defeituoso e tivesse de abortar». Não sou contra o aborto terapêutico mas seria uma decisão terrível se tivesse de o fazer.

No dia seguinte fui fazer a curetagem, o meu marido levou-me a passear o resto da tarde (ele foi e tem sido maravilhoso!) e eu andei anestesiada imenso tempo. Entretanto iniciei pesquisas na net para tentar perceber o que tinha acontecido.

As consequências psicológicas vieram mais tarde: quando voltou a menstruação e eu soube que estava, novamente, preparada para engravidar, não tive coragem. Andei 4 meses a evitar conscientemente a gravidez e outros tantos a evitá-la inconscientemente (no período fértil tinha sempre enxaquecas). Sabia que estava numa corrida contra o tempo (os 40 aproximavam-se e, com eles, o "fantasma" das menopausas precoces da minha mãe e da minhas duas avós) mas, ao mesmo tempo, o medo de voltar a sofrer o mesmo retraía-me.

A partir de Janeiro deste ano (já com 40 anos) enchi-me de coragem e decidi começar a fazer "pontaria" ao período fértil. «É agora ou nunca», pensei. Em Agosto (20 ciclos depois da curetagem mas apenas uns 10 depois de começar a tentar a sério) engravidei novamente.

Neste momento, estou grávida de 6 semanas. Mais uma vez, sinto-me bem, saudável, apenas com alguma tensão mamária e sem outros sintomas como enjôos ou desejos. Confesso que estou cheia de medo de passar pelo mesmo. Mas nesta vida em que tudo vem empacotado e com controlo de qualidade, esta é das poucas coisas em que nos temos de entregar, sem reservas, nas mãos do Destino.

Tal como um terramoto, não há forma de prever, não há forma de evitar e não há como controlar. É (somos nós, mulheres) a Natureza em toda a sua sabedoria mas também em toda a sua crueza.

Epílogo:
No próprio dia em que escrevi esta mensagem, comecei a sangrar. Telefonei à médica. Ela disse-me para ficar em casa, em repouso absoluto. Durante 24 horas fiquei deitada na cama, só me levantando para ir à casa-de-banho. A hemorragia continuava. Liguei de novo à médica. Ela disse-me para ir. Fez-me a ecografia. Nada a fazer: «útero sem conteúdo» foi a sentença...

Clara enviou seu depoimento por email nos dias 25 e 28 de setembro de 2007

Depoimento: Katiuscia

22:38 0 Comments A+ a-

Olá, meu nome é Katiuscia, moro em Guarulhos e também tive uma gravidez anembrionada.

Meu pesadelo começou na última 3 feira, dia 18 de setembro, quando amanheci com um sangramento escuro, exatamente um mês depois de realizar o exame de sangue com resultado POSITIVO.

Tenho um filho de 2 aninhos. Ele se chama Pedro e meu maior sonho era ter um segundo bebê agora com uma diferença de idade pequena para que eles se curtissem o máximo. O Pedro já brincava com a minha barriga, beijava, e contava para o "irmãozinho" o que ele estava fazendo.

Minha consulta do pré-natal estava agendada para o dia 21, mas na 3 feira, com aquele sangramento, liguei para meu ginecologista e ele me pediu um ultrasom normal. O médico do ultrasom disse que era uma gravidez inicial e por isso não conseguíamos ver o feto. Bem, eu já sai no laboratório chorando, pois sabia que ALGO NÃO ESTAVA BEM e, pelas minhas contas, eu não estava com a gestação tão inicial assim.

Na manhã seguinte, fui conversar com o ginecologista e a BOMBA confirmou..... gravidez anembrionada ou ovo cego. Foi a maior decepção da minha vida, pois foram expectativas e sonhos da família crescer, TUDO POR ÁGUA ABAIXO. Como podia ser? Tive uma gravidez normal do Pedro, sem problema algum e agora....... ISSO!!!!!

Então na 5 feira comecei a sangrar para expelir o que estava dentro de mim.... e o mais frustante é ter dor de parto e ter que expelir algo que é NADA.... Comecei a perder muito sangue a ponto de quase desmaiar na minha casa e então meu marido me levou para o hospital enquanto o Pedro ficou com a minha irmã, minha amigona eterna.

Na 6 feira, nas tentativas frustadas de expelir naturalmente o saco gestacional e a placenta, era quase 2 horas da tarde, entrei no centro cirúrgico para a curetagem. Me senti invadida, como se arrancassem algo muito precioso de mim. E, por incrível que pareça, exatamente na mesma hora, a professora do Pedro ligou para meu marido dizendo que ele estava com quase 38,5 de febre. Coincidência?! Eu não acredito em coincidências. E no final de semana o Pedro ficou com conjutivite e a febre só foi cessar na 3 feira.

Estou me recuperando, voltei a trabalhar na 4 feira, dia 26, muito abatida, mas NÃO DERROTADA.

Acredito que Deus é o meu Pai Soberano e Supremo e Ele sabe realmente o que é melhor para mim. Estou me agarrando na Palavra de Deus para conseguir superar este momento difícil e tão recente na minha vida. Fico pensando....eu não provoquei nada para ter este aborto, foi natural,.... imagine.... eu não gostaria de ter um bebê deficiente ou com problemas de mal-formação.

Faço aniversário agora no dia 15 de outubro e este bebê era meu presente de aniversário... Estou com receio de uma nova gravidez e com medo..... mas, por incrível que pareça, quanto mais a gente fala sobre a nossa experiência, MAIS FORTE A GENTE FICA.

Milhões de beijos no teu coração de todas vocês que também passaram por esta experiência chata.

E NÃO DESISTAM NUNCA DO SONHO DE SEREM MÃES. É MARAVILHOSO.

Katiuscia enviou seu depoimento por email no dia 28 de setembro de 2007

Depoimento: Inês

22:36 2 Comments A+ a-

Chamo-me Inês e soube que estava grávida dia 21 de Setembro.

Apesar de ter deixado de tomar a pílula, estava convencida que ia ser difícil engravidar... Pelo que, foi uma supresa quando soube. Apesar de a minha atitude ser muito relaxada em relação a este assunto, obviamente que mal soube fiquei muito entusiasmada e feliz. A minha cabeça começou logo a fazer contas de quando ia nascer, os nomes voltaram à baila, contei para a família toda e amigos, enfim... a alegria estava instalada.


A verdade é que sempre me preparei para dificuldades em engravidar, problemas na gravidez ou no feto, problemas no parto ou mesmo na criança depois desta nascer, confesso que não estava no meu radar a hipótese de estar grávida, não estando.

E daí o meu choque!

Quando o médico me disse para fazer um ecografia para ver se estava algo ali, suspeitei da expressão, mas não imaginava que fosse tão literal. Se ele tivesse dito que era para ver se estava tudo bem, eu acharia normal... mas se estava algo lá, deixou-me com a pulga atrás da orelha.

Quando fiz a eco e eles começaram a dizer que não se via nada, comecei a estranhar... mas o meu médico é muito descontraído e descansou-me, dizendo que afinal a gravidez poderia não ser de 8 semanas como previsto mas 5 semanas, que era o que a ecografia demonstrava, uma gravidez nas 5 semanas... ou... uma gravidez anembrionária.

Confesso que nesse dia dormi bem e confiante... não encaixei a mensagem pessimista e estava crente que estava tudo ok. Eu sempre fui desregulada mesmo, pelo que não era de espantar.

Mas no dia seguinte ao acordar a dúvida assolou-me. 5 semanas???

Hmmmmmmmmm... comecei a investigar na Internet arduamente. Até que encontrei este blog fantástico...

Comecei a relacionar os sintomas da gravidez anembrionária comigo... deixei de ter dores no peito (embora não as tivesse associado a nada)... tive dores no baixo ventre... e ainda por cima o raio das contas diziam-me que era impossível estar grávida... Quando muito teria 6 semanas e meia... não 5!

Merda!

Era só o que me ocorria... porquê a mim? Porque é que eu não tinha a mínima ideia que isto podia acontecer quando afinal é muito mais comum do que eu pensei inicialmente? Porque é que eu já contei a tanta gente? Porquê... Porquê... Porquê!

Hoje vou voltar lá para fazer a ecografia novamente... estou preparada para tudo... confesso que sem muita esperança...

Lá vou ter de voltar ao estado de não ir ser mãe daqui a 8 meses, a não ter o meu filho nos braços tão cedo... a ser a Inês que era... mas será que dá mesmo?

Inês enviou seu depoimento por email no dia 13 de setembro de 2007