Depoimento: Lara*

16:10 9 Comments A+ a-

Meu marido e eu, recém-recém-recém casado, mas entre namorado e noivado já tínhamos 6 anos de realção, resolvemos que era a hora de tentar ter nosso bebê. Eu com 29 anos e ele com 30. Em Junho de 2010 eu procurei minha Ginecologista e ela passou muitos, muitos exames e quando os resultados vieram todos oks ela receitou três meses de Ácido Fólico antes das primeiras tentativas de fazer o bebê. E assim fizermos.

Resolvemos tentar fazer o bebê, pela primeira vez em Setembro. Meu último ciclo menstrual foi no dia 15 de Setembro de 2010 e o mesmo terminou no dia 19 de Setembro. No dia 26 de Setembro tentamos fazer o bebê pela primeira vez e para a surpresa geral ficamos GRÁVIDOS!

Antes mesmo da menstruação atrasar eu já senti algumas sintomas como cólicas leves no baixo ventre, enjôos, muitos enjôos e azia. No dia 09 de setembro eu fiz meu segundo B-HCG, já que o primeiro deu um resultado inconclusivo (32mUI/mL). Neste segundo a taxa já estava 210.3 mUI/mL o que dava uma estimativa que eu estava com 2 - 3 semanas de gestação, exatamente o tempo que eu havia calculado.

Fiz a minha primeira consulta de pré-natal no dia 19 de Outubro e minha médica achou o valor do B-HCG baixo, pediu o terceiro beta mais uma USG Transvaginal. Segundo minha médica uma gestação só é considerada gestação com a presença do feto em imagem ou B-HCG superior a 1000.0 mUI/mL. Graças a Deus, no exame seguinte eu estava com 1905.9 mUI/mL. Entretanto, na imagem do US ficou visível apenas um cisto no útero. Até aí tudo bem, porque a gravidez era mesmo muito recente.

Mas nossa, estávamos extasiados... Foram os dias mais felizes da minha vida. Os seios cresceram lindamente, meus quadris alargaram e tudo a olhos vistos. Minhas calças 38 não atacavam mais confortavelmente na cintura, apesar de eu não ter engordado nem um quilo se quer.

Meu marido comprou livros, DVDs infantis e até uma cadeira de amamentação. Nunca nos sentimentos tão iluminados como naqueles dias.

Na 5ª semanas de gestação tudo continuava indo muito bem. Quando engravidei estava pesando 66kg, perdi 3kg por conta dos enjôos nas primeiras semanas. Minha médica me passou um medicamento específico para a gravidez e eu melhorei.

Entretanto na 6ª semana nosso mundo começou a ruir...

No dia 01.11.2010 eu liguei para a minha G.O. e quem atendeu foi a secretária dela, ela estava viajando, expliquei que tinha aparecido uma gotinha de corrimento de tom bege e hoje o volume aumentou um pouco. Ela me deu o celular da G.O. de confiança da minha, que me receitou Utrogestan 200mg. Colocar na Dona Benta pela manhã e a noite, além de repouso absoluto. E meu pesadelo só começava.

Apesar do remédio, apesar do repouso eu continuava expelindo algo como uma borra de café. E com isso os meus sintomas de gravidez diminuíram drasticamente. Eu quase não tinha mais enjôos e meus seios não doíam mais tanto.

Nisso acendeu um alerta dentro de mim, sabe?

Terminei que resolvi ir a uma urgência obstétrica. Lá a médica de plantão me examinou, disse que o colo do útero estava fechado, mas mesmo assim me passou uma US de emergência que foi feita na mesma madrugada, no hospital.

Meu coração só faltava sair pela boca, de felicidade. Finalmente eu iria ouvir o coraçãozinho do meu bebê, seria a primeira Ultra aonde eu já poderia vê-lo... minha barriga já apontava um pouco pelo fato de eu ser bem magra e eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo.

Nisso chega a minha vez na US, ela coloca o equipamento e eu tentava virar minha cabeça a todo instante, tentando ver meu bebê. E a médica meio fria perguntou:

- De quantas semanas vc está?

- Seis.

- Mas aqui parece apenas cinco. Tem que repetir esse exame em uma semana, porque pode ser ovo cego.

Ovo cego?! Eu NUNCA tinha ouvido falar daquilo e apesar da má vontade dessa médica que fez o exame eu insisti e perguntei o que era isso.

Sem nem olhar pra minha cara ela disse que não era normal acontecer, mais era comum. Simplesmente era uma gravidez sem embrião. Mas que pra ter certeza a US deveria ser repetida em uma semana.

Olha, eu sou da área de saúde, sei o que é uma gravidez anembionária, mas na hora me deu um branco de tudo! Me recusei a acreditar naquilo e comecei a fazer mentalmente os cálculos pra ver se tinha probabilidade do bebê ter sido fecundado uma semana depois da data que eu achava. E havia! Fiquei feliz de novo... eu estava grávida sim!

Voltei pra casa, continuei de repouso, porém todos os sintomas de gravidez foram desaparecendo. A minha única esperança era a barriga que crescia lindamente. Houve um dia em que sai de casa, só para ir à casa da minha e ela ficou boba como a barriga estava grandinha e bonita... Era incrível como estava bela!

No dia seguinte eu acordei sem enjôo, os seios tinham voltado ao tamanho normal e nada mais em mim, fora a barriga, lembrava uma gravidez.

Comecei a pesquisar na web – encontrei esse blog – e outras matérias aonde pareciam explicar TUDO o que estava acontecendo comigo. Comecei a aceitar mais a idéia, mas, em contrapartida comecei uma novena e rezava com toda a minha forma para que na próxima consulta eu conseguisse escutar meu bebê.

Uma semana se passou, fui a minha G.O. expliquei tudo e ela me pediu uma US de urgência e que trouxesse o resultado imediatamente.

Chegando à clínica eu ainda tinha tanta, mas tanta esperança. Dessa vez a médica que fez o exame foi um amor. Ela começou o exame e eu disse a ela “já estou cansada de estar grávida, não estar grávida”... e ela com calma explicou:

- Olhe, vc está sim gestante, mas infelizmente essa sua gestação não é viável...

Eu fiquei nem chão, sabe? Ela perguntou se eu estava só na clínica, respondi que não, mas que não queria que ninguém entrasse na sala de exame – ela havia perguntado também se queria que o meu acompanhante entrasse para explicar a situação -. Mas eu preferi fazer só... Conversar com meu marido calmamente, explicar ao meu Pai que estava louco com o neto(a) que ia chegar e tudo mais...

Voltei a minha G.O. uns 30 minutos depois, ela pediu que eu me internasse na maternidade a tarde. NADA de beber ou comer... que iriam tentar fazer com que o colo abrisse um pouco – ainda estava totalmente fechado, mas já havia deslocamento do saco gestacional – e assim eu fiz.

As 20hrs do mesmo dia, já interna na maternidade e escutando chorinhos de bebê e famílias festejando a chegada de seus rebentos, até trigêmeos nasceram nessa dia, e em meio a isso tudo a minha indução começou. Colocaram soro e um remédio na Dona Benta, mas nada demais aconteceu, a não ser um líquido de desceu. Mas o colo continuou selado. Como tinha uma outra gestante que infelizmente o seu bebê faleceu no útero com 25 semanas de gravidez, ela fez a curetagem primeiro.

Duas horas depois eu fiz a curetagem e meu sonho virou pesadelo. Eu quase enlouqueci de dor depois do procedimento. Chorei toda essa noite e nos meses seguintes. Já se passaram três meses desde que isso aconteceu. Poucas pessoas sabem exatamente o que se passou comigo, porque QUASE NINGUÉM NESSE MUNDO conhece uma gravidez anembrionada e da primeira vez que eu tentei explicar veio uma pessoa e disse:

- Nossa, mas tu tinhas CERTEZA que não havia bebê? Eu JAMAIS iria fazer curetagem...

Olha, a situação por si só já dói, mas ouvir essas coisas dá vontade de sumir no mundo. Mas não fiz isso... Agora eu faço esse relato sobre o meu Ovo Cego. Ele pode ser Cego, mas não é mudo e nem foi o único.

Lara enviou seu depoimento por email no dia 5 de fevereiro e * solicitou que seu nome verdadeiro não fosse revelado.

Depoimento: Luciana

16:03 3 Comments A+ a-

Bom, meu nome é Luciana B., tenho 30 anos e sou casada a 2 anos. Hoje estou em casa com meu marido, estou afastada do trabalho por 1 semana, após ter tido um final de semana que parecia não ter fim. Dia 15/12/10 descobri através do exame de farmacia que estava gravida e dia 16/12/10 confirmei atraves do Beta HCG e desta data adiante minha vida tomou um rumo diferente.

Minha ultima menstruação tinha sido dia 10/11/10. Dia 10/01/11 fiz o primeiro ultrasson, o qual deveria confirmar 8-9 semanas de gestação, mas para me deixar desiquilibrada a medica disse que aparentemente eu estava de 5 semanas, só conseguia ver o saco gestacional ou poderia ser uma gestação que não evoluiu.

No mesmo dia procurei meu obstetra para ouvir oque ele tinha a dizer. Ele disse que podería ter causado um atraso na ovulação e por isso o erro na contagem das semanas, que eu deveria aguardar um pouco mais e realizar outro ultrasson a partir de 28/01. Deixei tudo agendado (ultrasson e retorno com o obstetra).

Dia 16/01, comecei a ter um corrimento parecendo borra de café, fui ao hospital, fizeram ultrasson e pediram para aguardar e repetir depois de 10 dias, caso aumentasse o sangramento retornasse. Mas dia 20/01 a noite veio sangue "vivo" dai voltei ao médico, o qual pediu para aguardar um pouco mais, pois não estava com dor e eu deveria acompanhar caso o fluxo aumentasse. Pediu para fazer repouso na sexta dia 21/01, nem fui ao trabalho, mas neste dia por volta das 14h o fluxo sanguineo se intensificou e fui correndo com minha irmã para o hospital, lá os médicos repetiram o ultrasson e constataram que era um início de aborto de uma gestação não embrionária.

Foi um choque, não queria acreditar, não conseguia nem entender o que eles me falavam, neste momento eu estava com minha irmã e meu marido que saiu do trabalho e foi direto ao hospital. Saímos de lá meio desorientado, então decidimos pegar um segunda opinião em um outro hospital, cujos médicos me explicaram a mesma coisa, eu estava abortando, podería deixar meu corpo expelir sozinho ou então ficaria internada para uma curetagem cirurgica, neste momento minhas dores "contrações" estavam muito forte e sangrando muito.

Foi muito dificil para mim, mas aceitei me internar para fazer os procedimentos sugeridos pelos médicos. Minha internação foi dia 22/01, às 02:40 da manhã já estava no quarto iniciando o preparo para curetagem, fiquei lá até ontem dia 23/01 quando enfim fui para o centro cirurgico e a curetagem foi feita, nunca tinha estado internada, para mim parecia tudo um pesadelo, mas ao mesmo tempo eu implorava a Deus para olhar para mim e me tirar de lá firme e forte. Tomei anestesia geral e tive alta depois de 5 horas do procedimento realizado.

Enfim, voltei para minha casa, minha família, mas confesso, que estou meio anestesiada ainda com tudo que aconteceu, choro muitas vezes, me sinto vazia. Meu marido ficou muito do meu lado durante esse periodo, mas mesmo assim, me sinto as vezes sozinha, uma sensação de medo, não sei explicar. Trabalhamos na mesma empresa, mas hoje ele tirou o dia para ficar comigo, pois durante essa semana tenho que ficar em repouso.

Em um dos momentos de tristeza, resolvi buscar ajuda na internet e depois que li alguns relatos neste blog, me senti melhor.... Agora vou procurar meu médico na próxima semana, pois já tinha essa consulta marcada com ele e vou ver o que ele tem a me dizer (explicar), quero levar minha vida adiante, estou agradecendo a Deus por tudo ter sido resolvido da melhor forma, pois acredito que se essa gestação não foi para a frente é porque não era o momento e sei que meu momento vai chegar.

Agradeço muito a minha família, meu marido, pai, mãe, irmãos pelo apoio e carinho recebido durante esse momento dificil e tenho muita fé que em breve devolverei a eles aquela alegria que vi nos olhos de todos quando dei a notícia de que estava grávida. A minha pequena ajuda neste momento é minha sobrinha/ afilhada de 1 ano e 6 meses que consegue me distrair e me fazer sorrir, em todos os momentos que stive no hospital procurei colocá-la em meu pensamento e sem dúvida ela mesmo de longe me deu muita força. Amo minha família e sei que isso tudo vai passar.

Luciana enviou seu depoimento por email no dia 24 de janeiro de 2011.

Depoimento: Luiza

15:59 2 Comments A+ a-

Olá, meu nome é Luiza, tenho 20 anos e venho aqui relatar a minha triste experiência.

Eu não estava casada, apenas namorando a pouco mais de 2 anos. Devido a muitos comentários do meu companheiro sobre crianças, e vendo muitos amigos nossos terem seus filhos, meu relógio bíológico despertou e eu estava decidida: eu queria ser MÃE.
Mesmo 'escondido', não bastou 1 mês de tentativa e em novembro de 2010 tive o meu positivo. É claro que o meu namorado não aceitou de cara, logo ficou preocupado comigo, com ele e com o nosso futuro.

Não demorou um dia e ele logo sugeriu um aborto. No dia seguinte ele já tinha comprado o remédio e veio na minha casa entregar e deixou a escolha nas minhas mãos, dizendo que me apoiaria e estaria comigo independente do que eu escolhesse. Só que o desespero foi batendo e ele foi me falando várias coisas, pois eu não concordava em tirar de jeito NENHUM. Fiquei desesperada, tentando achar um jeito de ter o meu bebê e ter o apoio dele também... Afinal ele não tinha planejado ter um filho. Resolvi abrir a cartela, e na hora que eu vi que havia algo errado. Não tinha nada escrito nos comprimidos, eram apenas bolinhas brancas, e depois de procurar na internet sobre ele, tive certeza que era falsificado.

Com isso já planejei tudo: Marquei uma ultrasson para comover ele com os batimentos. Tomei os remédios na frente dele. Foi tiro sem queda: Não aconteceu nada, na hora de tomar eu mordi um deles e era pura farinha.

Tudo que eu imaginava aconteceu: Ele viu que não tinha mais saída e logo vi ele fazendo carinho na minha barriga, dando nomes, ancioso para contar ao pai... Eu tinha certeza que ele era um homem bom, e que logo sua vontade de ser pai bateria em seu coração.

Mas o dia da primeira ultrasson não chegava e eu acabei tendo um corrimento marrom. Fui na emergência e não consegui atendimento, teria que esperar mais 2 dias... Foram os mais agoniantes da minha vida. Quase 24 hrs por dia na internet pesquisando no que poderia resultar um sangramento.

Chegou na segunda feira, finalmente teria uma pessoa para fazer minha ultrasson. Entrei naquela salinha e esperei, olhei para a tela e nada... Não via bebê, não escutava coração. Só via a testa franzida da médica, que não me explicava nada. Eu já estava com 10 semanas, e ela continuou procurando. Perguntei de cara: Isso é uma gravidez anembrionária? Ela só concordou com a cabeça, dizendo que procurou, procurou... Como assim? E essa barriga que só cresce? E meus seios? E esses enjôos? Toda esse planejamento por nada? Saí da sala chorando, e o momento que mais me doeu foi meu namorado me abraçar na saída e pegar na minha barriga, achando que tinha algo ali dentro. Entrei em desespero nessa hora, não conseguia explicar nada.

Vocês mulheres que tiveram uma gravidez anembrionária tem muita sorte apenas de poderem TENTAR DE NOVO. De receberem o mínimo de consolo em um filho próximo. Pois meu companheiro disse que não quer tentar de novo por pelo menos 10 anos, pois não quer passar por isso nunca mais, de me ver em prantos, de aceitar com tanta dificuldade, para no final das contas não ter NADA.

Tudo que a gente pensa é em Deus. Se foi castigo por tentar tão cedo. Por que logo COMIGO? A única coisa que me conforta no momento e pensar que ele sabe o que faz.

Beijos a todas, principalmente ao ovocego.blogspot por me trazer um pouco de conforto.

Luiza enviou seu depoimento por email no dia 11 de janeiro de 2011.

Depoimento: Juliana

15:57 2 Comments A+ a-

Descobri que estava grávida e fiquei muito feliz ao saber, não sabia nem como explicar tamanha felicidade.

Senti cólicas e passei pelo ginecologista e ele me passou uma ultrassom, quando fiz a primeira ultrassom pelas contas do médico estava com 4 semanas de gestação e no momento não se via embrião e apenas o saco gestacional e ele me recomendou repetir após duas semanas.

Marquei a segunda ultrassom e sem saber de nada fui fazer a ultrassom. Nossa estava muito feliz porque imaginava que já veria o embrião, mas quando a médica começou fazer a ultrassom me vi sem chão!!!! Ela me disse que não tinha se formado embrião, ou seja, não tinha gravidez e eu não queria entender e que sensação horrivel. Me senti frustrada, e profundamente triste com tudo aquilo. Ela me encaminhou pediu que eu fosse até o meu ginecologista e foi o que fiz.

Quando passei pelo ginecologista ele me confirmou o diagnóstico, não prestei muita atenção no que ele falou porque estava desesperada, só sei que tive que provocar um aborto e depois fazer curetagem.

Fiquei no hospital e ele colocou dois comprimidos para induzir o aborto, nossa passei por um bucado senti muita cólica e no dia seguinte foi feito a curetagem.

E fiquei me perguntando o porque que aquilo estava acontecendo comigo e não tinha ouvido falar em gravidez anembrionária, até achei que fosse problema de fertilidade.

Hoje faz um dia que fiz a curetagem e resolvi procurar na internet sobre o assunto e vi que acontece com muitas mulheres e que muitas voltam a engravidar e que não passam por isso novamente.

E sei que Deus só nos da o que conseguimos suportar, não vou mentir que está sendo muito difícil de superar, mas sei que vou superar e tenho fé que vou engravidar novamente e vai dar tudo certo.

E o que me ajudou muito foi este blog.

E o mais importante é a fé em Deus, Ele sabe de todas as coisas e que quando menos esperar Ele vai me permetir uma nova gravidez.

Então este é meu depoimento que escrevo com muita dor, pois está recente, mas também com muita fé.

Juliana enviou seu depoimento por email no dia 5 de janeiro de 2011.