Depoimento: Renata
O que cabe dentro de um intervalo
de 1 mês?
Uma infinidade de acontecimentos,
lições, dores, alegrias… uma infinidade!
Do dia 16/out ao dia 16/Nov vivi
uma imensidão de sentimentos. Se este perÃodo fosse um fio e se eu encostasse a
ponta de outubro com a ponta de novembro, haveria um grande choque!
Em 16/ou/12 experimentei uma rara
emoção. Todo meu corpo se contagiou de um sentimento tão rico, tão puro, tão
lindo! Vesti o meu melhor sorriso, quis gritar pro mundo, anunciar de todas as
formas de dizer que meu 1º bebê estava à caminho. Foram tantas a felicitações! Meus
amores e amigos vibraram tanto! Meu esposo estava num estado lindo de
contentamento.
Aquele resultado de 5.571 mUI/mL
mudou nossa vida!
Sentia muitas cólicas,
principalmente durante a madrugada, e por esta razão que fui levada a fazer o
teste de gravidez. Agendei a ultrassonografia para duas semanas após a
descoberta.
No caminho, eu e meu esposo fomos
pensando em nomes de menino, já que de menina já havÃamos escolhido. Conversávamos
sobre o temperamento do bebê, decoração do quarto, essas coisas todas.
Fiquei um pouco agitada antes do
exame, deu um frio na espinha, sabe? Mas lá fomos nós para a cabine de exames.
E ai, o frio na espinha cobriu
todo meu corpo. “Não há batimentos cardÃacos”, foi o que o médico disse. DaÃ,
perguntei “Isso significa que pode estar sem vida?” e ele disse, “é uma grande
possibilidade, pois o embrião está com tamanho de 6 semanas e nesta fase já se
ouve os batimentos ou percebe-se a movimentação ativa do embrião”.
A tristeza foi tamanha... chorei
tanto! Me desesperei por alguns instantes. Foi um misto tão grande do que
senti. Abandono, medo, falta de fé... tudo.
Entrei em contato com a minha
obstetra e fui até ela. Ela me tranquilizou, disse que apesar do exame ter
mostrado o embrião inativo, Ãamos aguardar o resultado de um novo Beta. Fiquei calma,
meu esposo ficou comigo o tempo todo, fomos pra casa e ficamos de repouso,
juntos.
Horas depois, tive um sagramento
marrom e meu Beta ficou disponÃvel na internet: 4616 mUI/mL, ou seja, a
gravidez não evoluiu mesmo e lá se foi minha maior alegria, o sonho muito colorido
foi reduzido a uma única cor: vermelho. Embrião sem vida, aborto retido. Conheci
um novo jeito do coração doer. Este, foi o mais cruel.
A partir de então, senti cólicas
severas, o fluxo do sangramento aumentou e meu organismo foi eliminando o
conteúdo do meu útero.
Apesar de, agradeci muito à Deus
pela maneira como tudo se deu, porque senti muito amparo, tive o apoio dos
amigos, a fé dos meus amores, e de fato senti a Mão de Deus me afagando. Quando
o embrião saiu, me aliviei. Pois ele saiu sem dor alguma e pôs fim à minha
angustia.
Quando a vida voltou a fluir,
quando voltei à rotina, a vida me trouxe uma nova lição. Ainda precisava
aprender como se esfarelar um coração em 3 dias.
No trabalho, tive de uma hora para
outra, febre de 39,5.
Lá vai eu pro hospital, trêmula,
com dor e muito frágil. Fui internada e tive que passar pela curetagem.
Este procedimento foi como uma
mão gigante que me invadiu e arrancou as últimas gotinhas da minha alegria mais
bonita.
Desta vez, não tive reserva de
emoção. Estava esvaziada. Foi muito difÃcil pra mim.
Tive meu esposo ao meu lado o
tempo todo e foi isso que me deu ânimo, foi nele que confiei e me entreguei
para me recuperar, outra vez.
E então, em 16/Nov/12 fechou-se o
ciclo. A lição de ser e deixar de ser mãe está registrada em meu caderno de
exercÃcios.
Que Deus continue a me abençoar e me prepare para uma nova gestação, no tempo Dele.
Renata enviou seu depoimento por email em 4 de dezembro de 2012.