Depoimento: Sheila

21:09 10 Comments A+ a-

Depois de tantos anos me sinto pronta pra contar minha história e faço isso com a intenção de que isso ajude as mamães que estão passando por esse momento tão confuso e triste.

Em 2007 comecei a tentar engravidar, no segundo mês de treino já estava grávida, comecei o pré-natal e os médicos se confundiam nos diagnósticos, até que um GO me explicou o porque de não vermos nenhum coração nas ultrassonografias. Eu nunca tinha ouvido falar nisso e meu mundo parecia desabar, me culpei e tentava buscar justificativa pra tudo que estava acontecendo, mas não havia uma explicação porque todos os médicos chamavam de acidente da natureza sem causa aparente e que ocorre com frequência com muitas mulheres.

Comecei a abortar com 8 semanas mas tive que fazer a curetagem. Aquilo abalou muito meu psicológico, fiquei revoltada, buscava respostas e só tentei novamente um ano e meio depois, a minha GO dizia na época que eu não precisava me preocupar porque era mínima a chance de ocorrer novamente, e aconteceu, lá estava eu com 10 semanas fazendo outra curetagem... não queria nem ouvir falar de filhos, nem crianças, nem dias das mães, por um bom tempo, o entendimento veio com o tempo e com a ajuda de profissionais que estavam acostumados a lidar com esses casos, fizemos vários exames, até genéticos, mas não havia nada, mas resolvi me conformar e esperar estar forte o suficiente pra tentar novamente.

O que me ajudou e muito foi ouvir a história de pessoas que haviam passado por isso e hoje todas tem filhos lindos e saudáveis, com o tempo deixei de questionar Deus e confesso que com o andamento de minha vida entendi o porque de muitas coisas acontecerem.

Um dia resolvi tentar novamente e hoje estou grávida de 14 semanas, a tensão do primeiro ultrassom foi muito grande, mas ouvir aquele coração me fez esquecer qualquer dor e decepção passada. Acreditem esse dia chega pra todas e é maravilhoso.

Quando os médicos dizem que um dia dará certo é difícil de acreditar, mas é verdade... e se hoje eu puder falar algo para que quem esteja passando por isso se sinta melhor apenas digo que confiem em Deus, e não tentem entender o tempo Dele, ele sabe muito melhor do que nós a hora certa das coisas acontecerem, não desistam de seus sonhos, porque na verdade o sofrimento sempre traz algum aprendizado e nos torna pessoas melhores. Que Deus abençoe a todas!

Sheila enviou seu depoimento por email em 24 de agosto de 2013.

Depoimento: Isabela

20:41 3 Comments A+ a-

Meu nome é Isabela, sou casada há 4 anos e em dezembro de 2012 decidimos que era hora de aumentar a família.

Parei de tomar o anticoncepcional e no primeiro ciclo sem, em 04 de fevereiro, descobri que estava grávida!!! Que alegria! Fiz o 1º usg e vimos o coração do bebê bater, um sonho se concretizando!

Na semana seguinte tive um sangramento, passei a tomar utrogestan e fiquei de repouso uma semana, mas a gravidez continuava a se desenvolver bem, fizemos mais dois usg e a gravidez era de bom prognóstico. Estavamos na 9ª semana e o risco de aborto imunológico já diminui!

Fiz a sexagem fetal, era uma menina. Minha flor, minha cara... Até que num domingo após fazer uma prova de concurso e tive um novo sangramento muito leve, nem me assustei tinha passado muitas horas em uma posição ruim, MAS fomos para o hospital onde minha gineco estava de plantão e no usg o médico não viu os batimentos cardíacos do bebê...

No dia seguinte repeti o exame com um médico especializado em medicina fetal e a minha dor se confirmou! O coração do bebê havia parado! Mas, não havia descolamento do saco gestacional e era como se meu corpo sequer tivesse percebido a morte do bebê. Tive um aborto retido.

Minha médica optou para o internamento imediato para fazer AMIU - uma aspiração para limpar o útero - que é menos agressiva do que a curetagem, pois o útero não é raspado.

Li tudo que podia sobre abortos e gravidez pós-aborto e decidi tentar assim que pudesse! Psicologicamente continuava grávida!!! Tive que esperar a menstruação vir e pude liberar de novo!

Em maio nova alegria: grávida!!!! Agora ia dar tudo certo!!! Mas, meu coração estava inquieto, sem paz.

Com 5 semanas fiz um usg e o médico (aquele especialista em medicina fetal) viu o saco gestacional, mas não viu o bebê. Ele não valorizou, disse que estava cedo, que só podia me dizer que eu estava grávida, mas que eu deveria voltar em 15 dias. Meu coração continuou angustiado, cogitei com minha mãe se não seria uma gestação anembrionária, mas ela disse que eu estava com pouca fé e que isso era medo por conta da experiência traumática na outra gestação. Tentei, então, tirar isso da cabeça, MAS não me senti em paz nenhum momento.

Quando repeti o usg, de fato, a gravidez era de um ovo cego... Meu mundo caiu. Faz um mês agora e caramba!!! Não sei nem explicar como me sinto! Mandamos o material coletado do aborto para fazer exame do cariótipo e tentar descobrir a possível causa desta gravidez anembrionária. Também, estou fazendo uma série de exames e já vimos que não tenho trombofilia - causa comum de abortos de repetição - e o médico acredita que meus abortos não são imunológicos, pois meu corpo não tenta expulsar o feto... Na verdade, mesmo quando o feto morre ou quando não há feto meu corpo reage tentando manter a gravidez. A implantação é normal, o saco gestacional não desloca e o útero fica bem irrigado... Acho que meu corpo está em sintonia com minha mente e realmente quer uma gravidez!!!

Só tenho certeza que serei MÃE... Não sei quando, mas não vou desistir. Em 3 meses posso tentar de novo e já devo ter mais respostas com as pesquisas que estou fazendo! Só quem já engravidou sabe a grandeza desse amor e a dimensão desta perda!!!

Isabela enviou seu depoimento por email em 9 de julho de 2013.